PACIÊNCIA, A CIÊNCIA DA PAZ. POR UM TRANQUILO RETORNO DAS ATIVIDADES ESCOLARES
por Mônica Ribeiro - psicóloga e educadora
Está fazendo quase um ano que nós, da comunidade escolar, nos despedimos numa sexta-feira de forma habitual, desejando um bom fim de semana e até segunda-feira. Acontece que essa segunda-feira não chegou e fomos atravessados por um ano repleto de desafios, mudanças e perdas. Sem muita opção, nos reinventamos e nos abrimos a novas possibilidades. O ano acabou e novamente nos deparamos na mesma incômoda situação. “Precisamos retornar às aulas! Estamos ansiosos! Como vai ser? Não dá mais para esperar!” Essas são narrativas frequentes em nosso cotidiano.
Assim perpassamos os nossos dias, ansiosos, receosos com o
porvir. Aliás, já acordamos com a mente inundada de pensamentos. Você consegue
se lembrar de qual foi o seu primeiro pensamento ao acordar hoje? Por acaso,
estaria relacionado a uma lista de afazeres e pendências? E você, educador, pai ou responsável por uma
criança ou adolescente na idade escolar, como está se sentindo? Como você se
percebe em meio a tantas incertezas?
Se antes do evento chamado “Pandemia” nossos dias eram
corridos e, por isso, andávamos quase sempre apressados, sem paciência para
esperar numa fila de banco, para esperar um ônibus ou táxi, para aguardar a vez
no consultório, para ensinar algo a alguém, para andar numa avenida movimentada
ou dirigir em um intenso trânsito, etc, imagine agora, depois desse evento,
como deve estar o nível da nossa paciência?
Por falar em paciência, você se considera uma pessoa
paciente? Ou as limitações impostas pela Covid 19 estão te tirando do
sério? “Não vejo a hora de voltar a
minha vida normal!” Outra fala recorrente em nosso cotidiano.
Enfim, o que é paciência? Por que e como desenvolver a
paciência em tempos tão conturbados?
Procurando em nossos populares dicionários, paciência significa a
“Virtude que faz suportar algo sem perder a calma, que aguenta com
tranquilidade uma eventualidade, tristeza, ação maldosa, resignação.”
“Faculdade de não desistir facilmente, perseverança, constância.” Contudo, ao
lermos tais definições, podemos nos perguntar: “Mas quem não perde a paciência
uma vez ou outra?” De fato, essa é uma indagação legítima, principalmente no
momento em que estamos vivendo, no qual fatos que deveriam trazer alegria, como
por exemplo, o retorno às aulas, passam a ser motivo para preocupações, medos e
discórdias. Olhando pela perspectiva de que ainda não temos segurança
suficiente, muito menos certeza de nada, parece que não temos muito que fazer.
E agora? Vamos sentar e chorar? Espernear e brigar com o mundo? Desistir e
adoecer? Ou encontrar novos caminhos e conexões?
Esse texto traz como título: Paciência, a Ciência da Paz. Na
verdade essa é uma expressão utilizada para refletirmos e ressignificarmos os
conceitos de paciência e de paz. Cultivar a paz é um precioso e libertador
caminho para as nossas almas. Quando a humanidade se viu atropelada por um ser
invisível, e as escolas tiveram que fechar suas portas físicas, podemos pensar
que somente a paciência, no seu sentido genuíno, nos trará a tranquilidade que
tanto necessitamos para tomarmos algumas decisões. Não uma paciência
conformista que nos paralisa, não a paciência da desistência, mas a paciência
no sentido de ter “ciência” de que uma mente tranquila, uma mente em paz poderá
abrir asas e voar em campos com infinitas possibilidades. Se o momento pede
reconstrução, precisamos explorar nosso potencial criativo e nossa habilidade
da imaginação, tão adormecida no “mundo adulto”.
E por falar em imaginação, podemos buscar em nós próprios os
recursos necessários para não surtarmos em meio ao caos coletivo. Se desejamos
paz em nossas vidas e um retorno seguro das nossas atividades diárias,
novamente falando da reabertura das escolas, agora, mais que nunca, precisamos
começar por cuidar da tranquilidade interior, aprender a relaxar, se aquietar e
desacelerar. Quantos minutos por dia você se dedica a esses cuidados?
O relaxamento e o estado meditativo são poderosos suportes
para e equilíbrio emocional, mental e espiritual. Se hoje estamos vivendo fisicamente distanciados
daqueles que amamos e com limitações para viajar e transitar em lugares
reconfortantes, temos na meditação a possibilidade de viajar sem sair do lugar.
Você sabia que o nosso cérebro não distingue vivências
físicas ou mentais? Dessa forma, quando alguém
vivencia um estado meditativo e se permite adentrar no mundo da imaginação, o
seu corpo físico irá experimentar sensações diversas, como a brisa suave na sua
pele, o calor do sol o aquecendo, a
textura da grama em seus pés, o aroma das flores, o som da floresta, etc.
Incontáveis são os benefícios de praticar a meditação.
Começando por exercitar a paciência. Ser paciente é saber aceitar e respeitar o
fluxo dos acontecimentos, entendendo que tudo tem o seu tempo de acontecer.
Como nos mostra a sábia natureza, na qual existe o tempo de plantar e de
colher, precisamos entender que em nossas vidas existe o tempo de parar e de
agir, o tempo de aprender e o tempo de seguir.
Que sigamos sempre, porém com a mesma sabedoria da natureza!
(Texto baseado na Palestra Paciência: Ciência da Paz. Sesc Niterói. 09/02/2021)
*Mônica Ribeiro é Mestre em Psicologia UFRRJ, gestora da empresa DesenvolverSer Gestão de Pessoas e Gestão Educacional e docente do Centro Universitário Barra Mansa
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