Destilaria de gim da região ganha dois prêmios mundiais. E você pode conhecê-la!
Por Adriana Ibiti - Jornalista
O World
Gin Awards é o prêmio global que seleciona os melhores gins reconhecidos
internacionalmente. E a destilaria Amázzoni, localizada no distrito de
Floriano, em Barra Mansa, ganhou dois prêmios ontem. O anúncio foi feito através
de uma plataforma online. A cerimônia presencial não aconteceu por causa da
pandemia do coronavírus, que ainda inspira cuidados. E essa não foi a primeira
vez. Em 2018, o gim foi considerado o melhor artesanal do mundo. A Amázzoni é a
primeira e, agora, a maior destilaria de gim da América Latina.
Um dos prêmios foi justamente a de
melhor destilaria, porque além de produzir uma bebida de qualidade, usa sua
plataforma para educar os consumidores brasileiros sobre o mundo do gim.
Fundada em 2017, a destilaria produz mil garrafas por dia e tem capacidade para
mais. No entanto, sempre mantém o mesmo cuidado e atenção na origem e na produção
de ingredientes e permanece fiel aos princípios de destilação artesanal.
Já o segundo prêmio foi o de melhor
Old Tom Gin do Brasil para o Amázzoni Maniuara. O Old Tom é uma receita de gim
popular na Inglaterra do século XVIII. É um pouco mais doce que o London Dry e
um pouco mais seco que o Dutch Jenever. E o produto ainda nem foi lançado no
nosso país. Este gim é mais leve que os outros dois produzidos na fazenda, tem um
toque apimentado, amadeirado e cítrico. A bebida é uma homenagem à formiga
Maniuara, utilizada com alimento por algumas tribos amazônicas.
Um dos sócios da empresa, o
empresário Artulo Isola conta que a história da destilaria começou no Rio
quando ele e um amigo, o artista plástico brasileiro, Alexandre Mazza, iniciaram os primeiros experimentos. A receita de fim de semana foi sendo aperfeiçoada por
mais de um ano até que decidiram ampliar a produção. Foi quando conheceram o
mixologista argentino Tato Giovannoni, que tinha experiência em fabricar gim no
país vizinho. O alambique de vidro já
não comportava tantas ideias e uma nova possibilidade surgiu quando Tato
conheceu o dono de uma antiga fazenda de café do século XVIII, localizada no
interior do Rio de Janeiro, mais especificamente no distrito de Floriano, em Barra Mansa. Antônio Fontes da Rocha produzia a famosa cachaça Rochinha e a
ideia inicial era aproveitar os alambiques da tradicional bebida brasileira
para fabricar o destilado de origem holandesa. No entanto, Arturo, que também é
arquiteto, aproveitou um espaço disponível na fazenda e assim nasceu a primeira
destilaria artesanal especializada em gim do Brasil. Hoje em dia, o produto é
exportado para 15 países.
Arturo explica que o álcool não
aproveitado para fazer gim transforma-se em etanol e serve de combustível para
os carros utilizados na fazenda. A caldeira também é alimentada com
ingredientes que sobram da destilação do gim. Dessa forma, evita-se ao máximo o
uso de madeira, que precisa ser certificada. Como na produção de gim utiliza-se
apenas a casca de limão siciliano, a fruta é enviada para uma cooperativa em
Porto Real. Todos estes processos fazem da produção de gim uma atividade
sustentável e preocupada com questões ambientais.
Arturo Isola recebe os visitantes da destilaria de gim Amázzoni de forma simples: pés descalços e uma simpatia envolvente que pouco denuncia o sotaque italiano de Gênova, a cidade que reivindica ser a terra natal do navegador Cristovão Colombo.
No começo da visita, conhecemos, do
lado de fora da imponente propriedade, o alambique Estrela. Foi o primeiro a
produzir o produto e simboliza o começo dessa história. Apenas mulheres podem
tocar na bebida depois de pronta. São elas que colocam manualmente o rótulo o
embalam o gim. Todas moradoras de Porto Real. Mas, as referências femininas não
param por aqui. O nome Amázzoni significa amazonas em italiano e é uma clara
homenagem à força e ao poder feminino, como o próprio Arturo explica. Assim
foram chamadas as mulheres guerreiras icamiabas quando expedicionários
europeus, liderados pelo espanhol Francisco Orellana, chegaram ao maior estado
brasileiro, em 1542. Como na lenda grega, essas mulheres viviam sem homens,
eram fortes e tinham destreza no arco e flecha.
É na sala onde estão os alambiques
que acontece um fabuloso almoço harmonizado. Os detalhes impressionam. Em uma
mesa grande de madeira, pratos, copos e talheres rodeiam os frascos de
botânicos, cuidadosamente identificados e harmoniosamente dispostos. Em cima de
cada prato, um postal com o nome de cada convidado leva a assinatura e uma
mensagem de agradecimento do anfitrião. Ao lado do prato, flores embelezam o arranjo.
Arturo explica que estamos ali não para consumir produtos, mas, para viver uma
experiência apaixonante, que integra dois mundos gastronômicos unidos por um
feliz acaso: a comida genovesa e o gim brasileiro. Os quatro pratos foram
servidos acompanhados de quatro drinks diferentes. Já havíamos começado o tour
com uma taça de gim-tônica na mão, o que ajudou a abrir o paladar. A primeira
delícia servida foi uma clássica entrada italiana, Vitello tonnato, vitela fria
fatiada coberta com um molho cremoso, aromatizado com atum. Entre um e outro
intervalo também podíamos degustar pequenas doses do gim, servidas em copos específicos
e sempre, é claro, acompanhados por generosas quantidades de água. O segundo
prato servido foi a torta Pasqualina, uma receita tradicional de Páscoa da
região de Ligúria, na Itália, onde folhas finas de massa são preenchidas com
uma base de alcachofra, espinafre e acelga, além de um ovo cozido e temperos
como alho, sal, noz moscada e, claro, queijo ralado e requeijão. O terceiro
prato foi o Cappon magro, uma salada de frutos do mar e legumes sobre uma massa
dura, organizada em forma de pirâmide e acompanhada de um molho delicioso. A
sobremesa não poderia ser outra: Tiramissu, uma das mais típicas da Itália, que
consiste em biscoitos champanhe em camadas embebidos em café e entremeados por
um creme à base de queijo mascarpone, creme de leite fresco, ovos, açúcar,
vinho tipo Marsala e polvilhados com cacau em pó. Para acompanhar, um drink
clássico italiano, o Negroni, feito com gim, campari, vermute tinto, uma rodela
de laranja e bastante gelo. Par perfeito para uma experiência inesquecível.
Depois do brinde final, a grande surpresa: cada pessoa foi presenteada com uma
garrafa de gim com o seu próprio nome gravado. Um detalhe que ganha o
coração depois dessa experiência gastronômica ímpar.
A destilaria oferece visitações como
esta, a partir de R$ 100,00. É só agendar pelo e-mail distillerytour@amazzonigin.com Todos os protocolos de segurança são
seguidos para evitar os riscos de transmissão da Covid-19.
Que belo artigo sobre Gim, nunca imaginei que era feito com tantos ingredientes. E a história é muito interessante! Parabéns! Que pratos maravilhosos. Queria ter visto as fotos!
ResponderExcluirMuito legal e tão perto.
ResponderExcluirExcelente matéria. Parabéns! Uma descrição interessante que nos faz querer conhecer mais. E olha que eu não sou adepta a bebida alcoólica. Adorei a homenagem às mulheres,
ResponderExcluirna escolha do nome.
👏👏👏
ResponderExcluirÓtima matéria. Barra Mansa e seus segredos. Parabéns pela iniciativa em produzir uma bebida de qualidade.
ResponderExcluirEncantada! Jamais poderia imaginar que tão perto da cidade que amo e me acolheu como filha(Barra Mansa) existia uma maravilha dessa.
ResponderExcluirVou agendar.
Excelente artigo. A Cachaça Rochinha eu conheço e aprecio muito, agora vou saborear esse maravilhoso Gim.
ResponderExcluirParabéns minha querida Barra Mansa e a toda nossa região Sul Fluminense, sempre em destaque no cenário internacional.
Como faço pra representar ou trabalhar com vcs muito do Gin de vcs
ResponderExcluirFica na Fazenda Cachoeira , .Quem começou a foi o pai do Antônio.
ExcluirJoão Heleno.
Que Maravilha !
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